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segunda-feira, 22 de outubro de 2012

Poema Filinto Elisio

Saudade Extrema


Gentil Rola, que sobre o ramo seco, 
    Desse viúvo freixo, brandas queixas 
    Espalhas toda a noite, e escutas o eco 
    Repetir-te mavioso iguais endechas: 




Não chores. Ouve a meu saudoso canto, 
    Que excede quanta mágoa arroja a sorte: 
    Ninguém, como eu padece extremo tanto, 
    Que a ninguém roubou tanto a crua Morte,
 



Tu viste Márcia: a Márcia, oh Rola, ouviste, 
    Quanta beleza, oh Céus! quanta doçura! 
    Tem coração de bronze quem resiste 
    À dor de a ver no horror da sepultura. 



Tu podes ter formosa companhia 
    Terna e fiel. Filinto desgraçado 
    Te perdeu a esperança lisonjeira 
    De achar Márcia em transunto inanimado


Filinto Elísio, in "Miscelânea"
Tema(s): Amor  Morte  Saudadehttp://www.citador.pt/poemas/saudade-extrema-filinto-elisio

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