Arcadismo de Filinto Elísio
quarta-feira, 24 de outubro de 2012
Poemas
Nos fogo o tempo
Nos Foge o Tempo Se mais que aéreas nuvens pressuroso,Se mais que inquietas ondas inconstante,
Nos foge o Tempo; é inútil o saudoso
Pranto, dado a quem foge; eu incessante
Quero abarcar, e com ardor ansioso
Entranhar na alma cada alegre instante:
Pois que a vida é passagem, as lindas flores
Bom é colher na estrada dos Amores.
Filinto Elísio, in "Miscelânia" Tema(s): Tempo
Moralidade
Moralidade É nosso coração vorage imensa,Em que Honras, Cargos, lúbrica Ventura
São dos Desejos vagos a mantença,
Que, gozados, os manda à sepultura,
Para abrir nova boca à turba densa
De prazeres de nova formosura
Quais das talhas das Bélides impias,
Se esvaecem as águas fugidias.
Filinto Elísio, in "Miscelânia" Tema(s): Moral
Usos Deste MundoNas praças uns perguntam novidades;
Outros dão volta às ruas, ao namoro;
Este usuras cobrar, esse as demandas
Lembrar corre ao Juiz que se diverte.
Ir de Jano aprender a ser bifronte,
De Mercúrio, no trato, a ser bilingue,
Franco no prometer, no dar escasso.
C'os olhos fitos no ávido interesse
Ser consigo leal, com todos falso
É ser homem capaz, home' entendido.
Assim, que vemos nós por este esconso
Mundo? Vemos logrões, vemos logrados;
Ninguém vês ir com cândido desejo
Aos Sénecas, aos Sócrates de agora
Perguntar as lições tão necessárias
De ser honrado, ser com todos justo.
Tão sobejos se crêem de honra e virtude,
Que cuida cada um poder de sobra
Mostrar na Ocasião virtude a rodo,
E chega a Ocasião, falha a virtude.
Filinto Elísio, in "Miscelânia"
segunda-feira, 22 de outubro de 2012
Poema Filinto Elisio
Saudade Extrema
Gentil Rola, que sobre o ramo seco,
Desse viúvo freixo, brandas queixas
Espalhas toda a noite, e escutas o eco
Repetir-te mavioso iguais endechas:
2
Não chores. Ouve a meu saudoso canto,
Que excede quanta mágoa arroja a sorte:
Ninguém, como eu padece extremo tanto,
Que a ninguém roubou tanto a crua Morte,
3
Tu viste Márcia: a Márcia, oh Rola, ouviste,
Quanta beleza, oh Céus! quanta doçura!
Tem coração de bronze quem resiste
À dor de a ver no horror da sepultura.
4
Tu podes ter formosa companhia
Terna e fiel. Filinto desgraçado
Te perdeu a esperança lisonjeira
De achar Márcia em transunto inanimado.
Filinto Elísio, in "Miscelânea"
Tema(s): Amor Morte Saudadehttp://www.citador.pt/poemas/saudade-extrema-filinto-elisio
1
Gentil Rola, que sobre o ramo seco,
Desse viúvo freixo, brandas queixas
Espalhas toda a noite, e escutas o eco
Repetir-te mavioso iguais endechas:
2
Não chores. Ouve a meu saudoso canto,
Que excede quanta mágoa arroja a sorte:
Ninguém, como eu padece extremo tanto,
Que a ninguém roubou tanto a crua Morte,
3
Tu viste Márcia: a Márcia, oh Rola, ouviste,
Quanta beleza, oh Céus! quanta doçura!
Tem coração de bronze quem resiste
À dor de a ver no horror da sepultura.
4
Tu podes ter formosa companhia
Terna e fiel. Filinto desgraçado
Te perdeu a esperança lisonjeira
De achar Márcia em transunto inanimado.
Filinto Elísio, in "Miscelânea"
O que é arcadismo?
O Arcadismo também conhecido como Neoclassicismo, surgiu no continente europeu no século XVIII, durante uma época de de valores sociais, políticos e religiosos.Esta escola literária caracterizava - se pela valorização da vida bucólica e dos elementos da natureza.
Imagens sobre a vida bucólica
imagens proporcionadas pelo google imagens
Poemas de Filinto Elisio
- Uns Lindos Olhos, Vivos, Bem Rasgados
Uns lindos olhos, vivos, bem rasgados,
Um garbo senhoril, nevada alvura;
Metal de voz que enleva de doçura,
Dentes de aljôfar, em rubi cravados:
Fios de ouro, que enredam meus cuidados,
Alvo peito, que cega de candura;
Mil prendas; e (o que é mais que formosura)
Uma graça, que rouba mil agrados.
Mil extremos de preço mais subido
Encerra a linda Márcia, a quem ofereço
Um culto, que nem dela inda é sabido:
Tão pouco de mim julgo que a mereço,
Que enojá-la não quero de atrevido
Co' as penas, que por ela em vão padeço.
Filinto Elísio, in "Sonetos"
Tema(s): Amor http://www.citador.pt/poemas/uns-lindos-olhos-vivos-bem-rasgados-filinto-elisio
Um garbo senhoril, nevada alvura;
Metal de voz que enleva de doçura,
Dentes de aljôfar, em rubi cravados:
Fios de ouro, que enredam meus cuidados,
Alvo peito, que cega de candura;
Mil prendas; e (o que é mais que formosura)
Uma graça, que rouba mil agrados.
Mil extremos de preço mais subido
Encerra a linda Márcia, a quem ofereço
Um culto, que nem dela inda é sabido:
Tão pouco de mim julgo que a mereço,
Que enojá-la não quero de atrevido
Co' as penas, que por ela em vão padeço.
Filinto Elísio, in "Sonetos"
Biografia de Filinto Elísio
Filinto Elísio nasceu em Lisboa dia 23 de dezembro de 1734 e faleceu em 25 de fevereiro de 1819 em Paris. Seu nome de batismo era Francisco Manuel do Nascimento,de origem humilde Filinto era filho do pescador Manuel Simões e da peixeira Maria Manuel.
Foi ordenado padre em 1754, e influenciado pelo arcadismo e pelo iluminismo. Filinto foi um poeta e tradutor português do Neoclassicismo.As suas ideias liberais fez com que o padre José Manuel de Leiva o denuncia se à Inquisição em 22 de junho de 1778.Disfarçado de vendedor ele conseguiu fugir de Portugal e exilar- se em Paris, onde chegou 15 de agosto do mesmo ano.
Sua influência é vasta e se deu de forma mais direta no Pré - Romantismo sobre autores como Almeida Garrett .Foi um autor único em sua visão dos clássicos, pressentindo tendências modernas em meio ao racionalismo de seu tempo.
"Lede que é tempo os clássicos honrados,
Herdei seus bens, herdei essas conquistas"
(Filinto Elísio - árcade português)
Nós somos alunas do 1° ano E da Escola Estadual Dr. Humberto Sanches, Alessandra, Lorrane, Aline, Hamapola e Maria Eugênia temos entre 15 e 16 anos nossa professora de português nos deu um trabalho sobre arcadismo e a partir dele criamos este blog. Com ele temos o intuito de divulgar as obras de Filinto Elisio e mostrar um pouco mais sobre o arcadismo estamos entusiasmadas em fazê - lo e esperamos que gostem.
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